27.2.07



O relógio de sol.


Um relógio de sol é uma varanda imprecisa para o tempo. As horas se medem nas sombras. O dia, pelo brilho que se alcança. A velocidade da luz é de um dia por vez, preocupada menos em correr do que em mostrar. A agulha imóvel aponta para cima e para o norte – e o universo se move à sua volta.

Penso se não somos como relógios de sol.

Que passar pela vida é olhar as sombras avançarem e encolherem lentamente. Que o resultado de uma vida também é o brilho que se alcança. Não para o mundo que nos olha pelo que temos, mas para quem nos percebe e nos acolhe na memória. Como a agulha do relógio, apontamos para o alto – e o universo nos empurra para cima. Em direção à luz.

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