26.11.09




Sobre prédios.
Para Maísa


Gosto de prédios em construção. Principalmente daqueles que já estão perto da fase de acabamento, cobertos com aquela rede de proteção.

Porque para mim, a malha que envolve o prédio é como um cobertor, aquecendo os sonhos dos futuros moradores. Translúcida, deixa entrever na imaginação as histórias que serão vividas, a paixão do casal, a correria dos filhos. Cada conquista, cada realização, ali, encubada, casulo de vidas e todas as memórias.

Um prédio novo é todas as esperanças de quem vai morar nele. Um novo começo – embrulhado para presente.

13.11.09



Livre Associação.


Meu pensamento é tão mais rápido que a minha fala, que quando a mente viaja, a voz já desiste da disputa e emudece. Os olhos se esquecem de ver e os ouvidos, de ouvir, enquanto eu viajo todos os anos-luz das minhas memórias, deduções, conclusões, revelações.

O pensamento me rouba do mundo, e enquanto singra o oceano do que eu sou, agita as águas do inconsciente e atrai o que habita nas profundezas.

Meu pensamento é como uma dama na chuva, pulando por entre as poças e fazendo um caminho, onde o que importa não é o destino, mas o movimento. De uma lembrança, eu salto para outra, misturo e recrio, e se algo acontece e destoa a atenção, a mente rebate e toma outro rumo, bilhar das circunstâncias.

Embalagem não retornável de algo muito maior do que a mera humanidade, minha mente segue, não em frente, mas em todas as direções. Imitando o universo, meu pensamento se expande eternamente. Até que eu seja mais que um homem, e o raciocínio seja apenas uma das coisas que um Deus pode conceber.

Porque o pensamento, o pensamento é tão infinito, que limita. E tão infinito, que também liberta.