14.9.11

A goiaba e as flores



A goiaba e as flores.

Quando eu acordei, a sala rescendia às flores que colhemos num casamento. Rosas brancas no vaso improvisado, murchas de tempo. Insistentes em exalar seu perfume, meio de vida e razão de ser.

Um último legado, e os herdeiros éramos eu e a manhã de quarta-feira.

Lembrei da goiaba enchendo outra sala Seu cheiro alforriado à primeira mordida na mesma manhã. Porque se a rosa tem perfume, a goiaba tem cheiro, visceral e vívido porque nos fala da fome interior, antecipando o sabor e o alívio do que nos devora por dentro.

Uma goiaba é uma flor que compreendeu que podia transcender a si mesma e alimentar não só a alma, mas também o corpo.

Uma rosa transcende a si mesma quando dá frutos nos sonhos dos homens, semeando a imaginação de enlevo e saudades.

Melhor não é a flor, melhor não é o fruto, melhor é o olor de sentir com os olhos fechados. E o coração aberto.


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