11.12.09


Para sempre.


De todas as coisas que vivemos juntos, o que eu mais gosto de lembrar não é a primeira vez que eu te vi. Não é o primeiro beijo. Nem a noite em que saímos do carro para tomar chuva. Nem a que passamos inteira conversando e lendo trechos de livros.

A minha lembrança preferida é de muito depois. O dia em que nos reencontramos, depois de três meses separados.

Lembro do quão perdido eu me sentia quando estava só e as memórias de tudo o que somos um para o outro iam se desvanecendo lentamente. Lembro daquele vago desespero que sentia em ver tanta coisa linda neste mundo e não ter ao meu lado a pessoa simplesmente perfeita para compartilhar.

Lembro de ter visto pela primeira vez a neve cair, e misturada à alegria infantil veio a tristeza de não ter você para dividir o segredo. Um frio na alma, desrespeitando todos os meus agasalhos.

Naquele dia, entendi que não podia mais ficar sem você.

No momento em que nos reencontramos, lembro que pensei: graças a Deus, ela ainda está aqui. Lembro que te apertava contra o peito, agradecido pela certeza de que você ainda estava no meu mundo, que não era tarde demais, que eu teria você de volta. Minha expressão era de alívio.

Naquela noite, entendi que era para sempre.

Naquela noite, não queríamos mais nos despedir.

A alegria era como a de uma criança pequena quando encontra outra, que corre para ver de perto aquele rosto tão sorridente quanto o dela. Feliz, feliz, feliz de dividir tudo quanto sabe, tudo quanto é, tudo quanto entende deste mundo tão vasto e tão virgem dos seus olhares e descobertas. Da criança que ri de volta para os pais, como se dissesse: Olha, mãe, ela é igual a mim.

Hoje, mesmo dividindo os dias e as cores e os potes de sorvete, ainda confiro sua presença ao meu lado todas as noites, antes de dormir. Só para ter certeza de que você está mesmo ali.