17.10.06


Brincadeira.
para Maísa



Outro dia eu vi uma criança na janela de um carro, usando uma daquelas máscaras que têm uns óculos, nariz falso e bigode.
Eu nunca mais tinha visto dessas máscaras.
E a criança ria, deliciada com a brincadeira, olhando para mim, cúmplice.
Como se dissesse "eu sei que você sabe que este rosto não sou eu".
Lembrei de você.
Porque, com você, eu sou com uma criança olhando o mundo, feliz apenas por estar ali. Porque, quando caírem todas as máscaras, é com você que eu quero estar. E porque eu e você somos todos crianças, que sabem que a máscara é apenas uma brincadeira, uma doce brincadeira.
E rimos disso, gostosamente.

6.10.06




Sobre um vôo.


Amanheci pensando em dentes-de-leão.
Aquelas florzinhas que quase não se vêem de tão leves, que balançam, balançam no vento, até que se soltam, para onde a vida manda.
Semente, semear.
Que o vento não é mau, é só o beijo leve que faz a gente acordar.
Que nos faz largar do que sabemos e nos mostra a nossa verdadeira natureza sem peso, que nos leva longe, longe, para fazer o que viemos.
Semente, semear.
Que pessoas são brisas, que nos sopram para longe, enquanto nos agarramos firmemente aos galhos, pobres flores.
Que não notamos que o nosso destino é voar...