3.4.12

Sob as águas





Sob as águas.


Nadar é o meu mantra. A minha meditação.

Mergulho na piscina e o mundo desaparece. Os pensamentos flutuam e são deixados para trás.

Cercado de água por todos os lados, eu sou uma ilha em movimento. Sem âncora ou mastros, eu sou um navio sem leme, longe de estar à deriva. Navego ao longo de minha própria alma, braços à proa e coração a bombordo. Guio-me pelas estrelas.

Eu nado na superfície das ondas, mas chego ao fundo do que sou. No calmo silêncio do espírito, todas as tempestades serenam. Tudo é bonança. Eu sou uma caravela e o cordame afrouxa, nada se opõe à minha vontade em movimento.

Uma braçada e outra braçada. Uma borda e outra borda. Quando a vida flui, todos os meios são líquidos. E certos.

Eu sou o que me move, eu sou o meu próprio vento que enfuna as velas e me leva à beira do que eu jamais fui. E também adiante – para minha surpresa.

No abismo das águas, eu sou Deus, e descansarei apenas no sétimo dia. Por enquanto é terça, e a criação de mim mesmo está apenas começando.

Eu sou ao mesmo tempo o Filho, meu batismo também é na água. Eu estou no Paraíso, e o meu Céu também é azul.

Subo à tona, abençoado e sem fôlego. 
Certo de que os evolucionistas sempre tiveram razão: 
minha vida também começa na água.
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4 comentários:

Maísa Picasso disse...

Deus do céu, que texto incrível, meu amor, minha vida. tão doce, tão amoroso, tão espiritual. ele é todo você, tudo que eu amo em você. tudo.

Lara Corbacho disse...

Muito lindo, Pablito! Saudades de você!

Pablo Carvalho disse...

Mai,
você é a inspiração ininterrupta de todos os meus melhores momentos. Todos eles são para você, sempre.

Larinha,
Valeu por ter aparecido! Vê se aparece nos encontros de Suzé!

Anônimo disse...

saudade, amor. imensa ♥