6.7.11





Unicidade.

Uma das cenas que eu mais gosto no filme Baraka, de 1992, é a de uma tribo do leste da Ásia, onde vários homens sentados se reúnem em torno do sacerdote. Balançando ao ritmo invisível de sua própria união, faziam gestos sincronizados com os comandos do líder. Parecia que todos eles eram uma coisa só, viva, pulsante, movendo-se como o gramado ao vento, cardume colorido, as ondas do mar.

E quando você deixa de ser um indivíduo para ser parte de algo muito maior?

Em 2005, no intervalo do show do Pearl Jam, o Beto me propôs: e se a gente fizer todo mundo cantar Jeremy bem alto? Começamos a letra que não era a mais conhecida no mundo, mas com certeza a mais amada pelos fãs. A música se espalhou como um rastilho de pólvora, primeiro dois, depois cinco, depois 40 mil pessoas cantando juntas. A ponto de eu não ouvir a minha própria voz, embora berrasse a plenos pulmões a melodia que me tornava mais do que um. Um momento sem ego, partilhado em uníssono. Uma sensação que eu nunca mais vou esquecer, buscando revivê-la em minhas preces, no silêncio que eu puder ouvir, na duração de toda uma vida.

Dissolver-se não é perder a individualidade – mas ganhar o infinito.


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2 comentários:

Lidiane disse...

Eles vem aqui este ano.
Bora?

Beijo.

Pablo Carvalho disse...

Tou sabendo, mas não vai dar. Eu e a Mai temos oooooutros planos... Mas valeu o convite!
Abração.