9.9.09




Neblina.


Certa vez, viajávamos em meio àquela imensa neblina. Não enxergávamos nada além de uns poucos metros à frente, o mundo desaparecia a poucos metros atrás. Éramos nós, a neblina e o vazio. Fiquei pensando se não era assim que a vida devia ser: não observe o que passou, não se preocupe com o que vem muito adiante. Preocupe-se apenas com o presente, talvez o próximo passo. Tudo mais é névoa, não existimos para muito além do agora. O importante é continuar.

Hoje o dia amanheceu com um presente. Acordei com o barulho da chuva, mas o dia estava claro. Com um sol generoso a ceder espaço para as gotas que não podiam mais esperar. Sol e chuva: casamento das raposas, como dizem. Nem bons, nem maus, sol e chuva vêm ao mesmo tempo para lembrar que, quando tudo acontece de uma vez só, é hora de mudar. De produzir algo novo. Não é à toa que os arco-íris só aparecem em dias assim.

Saí de casa com a sensação de ter entendido algo difícil e importante. De aprender para crescer, mudar, construir. Se não o mundo, a mim mesmo. Sem me preocupar com o tempo que isso leve, o que aconteceu, ou o que está por vir.

E tenho certeza: naquela hora, em algum lugar, havia uma raposa dizendo sim.

2 comentários:

Maísa Picasso disse...

É uma graça de texto, meu amor. E quão linda é a vida que te dá momentos especiais como as da neblina e do sol-chuva. A cegueria para te dar esperança, que ainda há mais estrada. A outra para te fazer confiar e sentir, de tão dentro, que a vida é tua, inteira na palma da mão.

Lidiane disse...

Você fica um tempão sem escrever, quando volta, vem tão cheio de lindezas que não me importo em esperar.
Não mesmo.

Beijos.