29.3.08



Passos de dança.

Gosto quando duas pessoas vêm na rua em sentidos opostos e param diante uma da outra, se atrapalhando de passar. Então os dois ficam dançando frente a frente, tentando prever a direção e se desviar. O mundo anda tão cheio de gente, é fácil de se ver. A maioria, cabisbaixa ou olhando para os próprios problemas, só percebe o outro quando já estão quase a se tocar.
Tem gente que ri. Eu gosto mais quando isso acontece.
Porque eu sei que, lá no fundo, nas dobras do inconsciente, aquela pessoa captou a lição que a vida camuflou nas dobras do seu dia-a-dia. Sutilmente revelando que além das fronteiras de si, existe o outro. Poeticamente mostrando que não estamos sozinhos e interferimos nos destinos uns dos outros o tempo inteiro − num bailado à revelia pelas ruas da cidade.

4 comentários:

Lidiane disse...

Pablo, Pablo, Pablo.
Só você para arrancar do cotidiano poesia e ainda fazer seu leitor pensar na vida sem se sentir miserável.
Só você pra me fazer rir imaginando um sem número de vezes que dancei na rua. Ora com homens, ora com mulheres. Todos sem rosto.
Só você, Bito.
Por isso, te amo.
Ever!

Maísa Picasso disse...

Eu sinto este poemeto tão lindo! Que somos mesmo pessoas que dançam umas com as outras em esquinas, em livros empoeirados, em dias de chuva, principalmente, quando todos os convites da vida se tornam mais evidentes e os achados se perdem pra uma nova organização.
Um cheiro, meu doce.

Maísa Picasso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maísa Picasso disse...

obrigada pela passagem lá no Em alto-mar, meu amor. Seus comentários são sempre tão especiais e muito bem-vindos, são sempre um novo poema...

O texto é nossa cara, não é mesmo? Sabia que gostaria.

Te amo muito.